3 de abril de 2011
Chove. Há Silêncio
Chove. Há silêncio, porque a mesma chuva
Não faz ruído senão com sossego.
Chove. O céu dorme. Quando a alma é viúva
Do que não sabe, o sentimento é cego.
Chove. Meu ser (quem sou) renego...
Tão calma é a chuva que se solta no ar
(Nem parece de nuvens) que parece
Que não é chuva, mas um sussurrar
Que de si mesmo, ao sussurrar, se esquece.
Chove. Nada apetece...
Não paira vento, não há céu que eu sinta.
Chove longínqua e indistintamente,
Como uma coisa certa que nos minta,
Como um grande desejo que nos mente.
Chove. Nada em mim sente...
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
....................
Nem sempre consigo pensar em alguma coisa,
ou rabiscar algo, olhar para a janela e ver que
algo mudou, é acho que alguma coisa mudou
dessa vez...
a chuva lá fora embaça o vidro na janela, tá
tão forte e tão fria, não vai parar tão cedo...
e as minhas lembranças vão embora rápido,
como a chuva lá fora....
é melhor deixar assim, não irei dizer mais nada,
porque é só isso hoje.
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chove chuva em mim...
ResponderExcluirFernando Pessoa, grande pessoa...
quando a chuva cai, a nossa alma se renova